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Curiosidade: Um giro de 360º nas críticas sociais

Quem leu outras postagens desse blog, sabe que em alguns momentos eu fiz breves comentários a respeito das críticas sociais que foram abordadas nesse anime. Porém nessa postagem, pretendo fazer um texto mais completo falando sobre o assunto.

Atenção: O texto está repleto de spoilers (revelações sobre o enredo).

Antes de mais nada, é preciso lembrá-los que a narrativa se passa na primeira década do século XX. Nesse período, o título de nobreza era símbolo de status social, embora não transmitisse aos aristocratas os mesmos privilégios legais que possuíam antes do enfraquecimento das monarquias na Europa. Porém, os nobres aproveitavam tal distinção social, tendo os seus títulos como uma espécie de propriedade imaterial. Para que estes títulos fossem mantidos, a aristocracia seguia todo um conjunto de normas sociais para atender às necessidades da família tradicional. Normas ligadas à tradições que começaram há vários séculos, por assim dizer.

Mas e quando pessoas ligadas à nobreza eram resistentes à essas normas?

Existiam consequências bem claras quanto à isso. De forma geral, os nobres decidiam que os interesses da família eram mais importantes que pensamentos contrários.

“Permitir que a Nadja e Collete se encontrem agora não serviria aos interesses da família Preminger. As duas têm muito em comum, ambas não parecem entender a importância de proteger as tradições do nosso ducado. A Nadja será a nossa herdeira, vai ser a minha sucessora. Eu devo treiná-la com rigidez para que ela possa adquirir uma atitude apropriada para a posição do nosso ducado. Por isso se eu permitir que ela se encontre com a Collete, que tem ideias semelhantes... Essa garota provavelmente acabará fazendo cada vez mais coisas inadequadas para uma nobre do ducado de Preminger. A nossa família tem uma tradição de criação rígida, sem nenhum tipo de indulgência para com as gerações que irão se tornar herdeiras. Na Suíça, há um colégio muito bom, que é dirigido por um convento de freiras. Comece a tomar as providências necessárias para que a Nadja entre lá."
- Duque Preminger

Acredito que a história principal gira em torno dessa pauta, do início ao fim. Em paralelo, histórias secundárias são apresentadas para reforçar essa crítica. 

Em primeiro lugar, a história principal tem seu início porque Colette contrariou, não somente ao seu pai, mas as interesses do ducado. Aliás, todas as decisões do Duque Preminger buscam a garantia da reputação da sua família, seguindo essas tradições. 

“Na festa, eu farei um comunicado revelando para a nobreza de cada país que a Nadja é a herdeira dos Premingers. E então farei com que ela vá para o colégio na Suíça. Depois que eu tiver feito esse comunicado, vou usar quaisquer meios possíveis para que ela receba a educação adequada para ser a minha herdeira.”
- Duque Preminger

Sua filha não deveria se casar com um homem pobre e sem status de nobreza. Era necessário, do ponto de vista dele, que seus filhos se casassem com outros nobres, no intuito de fortalecer mais ainda a sua família, tanto no sentido financeiro no quesito status e poder. Portanto, o casamento de Colette com Raymond era inadmissível, segundo esses valores.

Abrindo um parênteses nessa ideia de casamento entre nobres, temos então o triângulo amoroso entre Julieta, Leonard e Antônio. Enquanto os dois primeiros nasceram como membros da nobreza, Antõnio era pobre. Ele conseguiu sua ascensão através de meios ilícitos (pelo menos é o que a história dá a entender), porém não possuía um status de nobreza. Diga-se de passagem, uma má reputação. Então, qual seria a solução para o seu problema? Se casar com uma filha de nobre e se aliar à família em que ela faz parte. Julieta, sendo filha do Conde Savieri, atenderia a seus interesses não apenas por isso, mas pelo fato de se comportar como uma "moça de família" recatada, ideal para os padrões da época. Em contrapartida, Julieta era noiva de Leonard. A mesma alegara em um episódio que havia sido prometida em casamento desde bebê com o rapaz. O interessante é saber que Leonard levava uma vida praticamente sem regras em seus relacionamentos. Mesmo permitindo que Julieta pudesse aproveitar os mesmos direitos dentro do relacionamento entre eles, a moça não possuía uma liberdade plena nesse sentido. Não apenas pela sua personalidade em si, mas pelas expectativas que a sociedade criava em torno das mulheres naquela época quanto à isso.


Voltando para o caso de Colette, a mesma se casou com Raymond contra a vontade do seu pai. Fixaram residência em Paris e tiveram uma filha, a Nadja. Porém Raymond morre e toda a estabilidade que eles possuíam deixou de existir. Então, tomando conhecimento do fato, o Duque Preminger aproveitou-se de uma situação crítica e interviu de forma que a reputação de Colette, enquanto sua filha, fosse menos afetada que o previsto. Além é claro, de alimentar o seu orgulho (e os interesses da família). Mais uma vez, a palavra "inadmissível" torna a aparecer, mas dessa vez em relação à Nadja, por ser filha de um homem pobre. A nobreza dificilmente aceitaria com naturalidade que Colette voltasse para casa (após ter fugido de casa) viúva de um ex-marido que não pertencia à nobreza e com uma filha desse homem nos braços. Então, o Duque estava mais interessado em "abafar o caso" (fazer com que o mesmo não ganhasse mais repercussão), além de convencer à Colette que teria sido uma péssima ideia ter fugido de casa.


Depois do sofrimento, Colette teve a oportunidade de se casar novamente e ser feliz com Albert Waltimuller. Mas isso só foi possível também porque Albert estava disposto a aceitar o passado de Colette, como foi relatado por ela em um dos episódios. Uma vez que ele estava apaixonado por ela e portanto, ignorou toda a imagem negativa que Colette adotara após o fato. Diferente dos dias de hoje, onde a pressão social é muito menor para esse tipo de caso.

Em paralelo, vemos também uma parte da realidade feminina daquela época com Amélia Harcourt. Em alguns episódios, o Keith é categórico ao afirmar que acredita na infelicidade da sua mãe (mesmo que na realidade existam controvérsias). Ele culpabiliza os costumes da nobreza e da aristocracia por isso.
“A minha mãe sempre desejou sair e ver o mundo lá fora, mas morreu sem ter conseguido isso.
“Para minha mãe que viveu em uma prisão, uma prisão chamada nobreza, o qual ela nunca saiu... O caleidoscópio era a única janela através da qual ela podia ver o mundo lá fora. Pobre mamãe... Mas acho que... Ela deve ter desejado se libertar daquela prisão, sair dali para conhecer o mundo e ver com os seus próprios olhos. É... Ser livre como você, Nadja.” 
- Keith


Em um episódio, Keith relata à Nadja um diálogo entre ele (quando criança) e sua mãe, sobre o papel de Amélia enquanto esposa do Duque Harcourt. Ao contrário de Colette, Amélia era uma mulher mais submissa aos interesses do seu marido e do ducado. A cena começa com Amélia pedindo permissão ao Duque Harcourt para viajar e fazer caridade, mas o mesmo nega, alegando que não permitiria isso pois "haveria muitas festas naquele mês e ela, enquanto duquesa, deveria concentrar seus esforços nisso". Em seguida, Keith entra no quarto após a saída do seu pai e tem uma conversa com ela.
Keith: Mamãe, o que a senhora diz está certo. Eu acho que tem que ir à todos os lugares que quiser ir.
Amélia: Ah, eu ficaria tão feliz se eu pudesse ir.
Keith: Eu acho que a senhora deveria ignorar o que o papai fala.
Amélia: Infelizmente é impossível, meu filho, porque eu preciso que ele me dê permissão.
Keith: Isso é inaceitável, devia fazer o que acha que é certo!
Amélia: Nesta família, a opinião de seu pai é absoluta. E eu não posso desobedecê-lo.
Keith: Mamãe...
Amélia: Essa é uma instituição muito antiga da nobreza. Ninguém pode desobedecê-la.

O relato não termina por aí. Após o fim do flashback, Keith dá continuidade ao seu relato.
Keith: Depois disso, mamãe raramente saía, a não ser para trabalhos beneficentes. Apesar de ela adorar fazer piqueniques e dar alguns passeios, mamãe foi duramente massacrada pela nobreza, Nadja. Ela foi chamada pelos céus quando apenas tinha vinte e oito anos. Eu tive uma briga com o meu pai, que limitou minha mãe a obedecê-lo em nome dos costumes da aristocracia e da nobreza. Aí saí de casa.
Nadja: Eu não sabia que o motivo era esse.
Keith: Essa é a verdade, Nadja, os homens nobres usam mais máscaras que eu.


Em casos mais extremos (se bem que isso infelizmente não se restringe àqueles tempos), existiam casos onde a esposa era completamente subjugada, como era o caso do Herman com a sua esposa Hilda. Além de ter amantes, Herman agredia constantemente a sua esposa, tanto fisicamente, como psicologicamente, além de nunca ter conseguido uma relações estável com o seu enteado Oscar por causa dessas e outras. Em um dos episódios, após ter agredido Hilda, Herman diz:
“Cale a boca! Você é intrometida demais para uma mulher, você devia me obedecer!”
Convenhamos, diferente de outros personagens masculinos, o Herman é um babaca. Ponto.

As críticas direcionadas à sociedade daquela época também se estendem às questões socieconômicas. O início do século XX era uma época onde a sociedade usufruía das novidades tecnológicas e das artes. Porém, as condições de vida dos mais pobres era precária. As pessoas adoeciam por conta das condições de higiene e de trabalho. Em consequência disso, você tinha uma quantidade substancial de órfãos. E aquelas crianças que não eram órfãs normalmente ajudavam seus pais na renda familiar, exceto quando eram filhos de nobres. Existem vários casos retratados no anime, a exemplo do Antônio Fabiani e Irma; os irmãos Jean e Alan com a sua mãe doente em Cherbourgh, mas um caso em especial chamou a atenção: O caso de Mário e a sua mãe, em Veneza.


Nesse caso, é deixado claro que o trabalho e a família eram as motivações de vida dessas pessoas. Mesmo que os pobres daquela época tivessem poucas condições de ascensão social, muitos prezavam pelo estilo de vida honesta que levavam, seguindo a premissa de que o trabalho tornava-os mais dignos. Abaixo, vocês podem conferir alguns diálogos durante o episódio em que o Rosa Negra aparece em Veneza.

Parte I
Mulher: A gente não pode receber esmolas de você, uma criança!
Nadja: Eu não quis dizer esmola...
Mulher: Por mais pobre que a gente seja, não quero perder o meu orgulho. Agradeço imensamente pelo seu bom coração. Como mãe, eu tenho que ensinar a ele o valor de viver honestamente. Por isso, eu não posso receber esse dinheiro.

Parte II
Mulher: Eu não posso aceitar! Eu sempre ensinei ao meu filho a não roubar as coisas dos outros por mais pobre que a gente seja! Não posso contrariar o que eu ensinei a ele durante toda a minha vida!
Rosa Negra: Você não roubou. Eu roubei.
Mulher: É igualmente errado aceitar sabendo que são coisas roubadas!
~ Então o Rosa Negra olha para Mário, o filho dela. ~
Rosa Negra: Diga, o que você mais quer agora? O que você quer, garoto?
Mário: Eu quero... Dinheiro.
Mulher: Mário!
Mário: Eu quero comprar remédio com o dinheiro... Eu quero que a minha mama fique boa logo!
~ Momento de tensão e silêncio por alguns momentos ~
Rosa Negra: As pessoas são iguais. O dinheiro não deve ficar na mão dos nobres e ricos que não merecem. Devem ficar com as pessoas mais dignas. Como vocês, que vivem com dificuldade. Cure sua doença com o dinheiro. Pelo garoto.

Os irmãos Harcourt (seguindo o legado de Amélia) passaram a dedicar suas vidas em prol dos mais pobres, porque buscavam pela igualdade. Porém ambos possuíam métodos bem diferentes. O Francis utilizava o próprio sistema aristocrático como ferramenta para atingir seus objetivos voltados à caridade, promovendo bailes de caridade e arrecadando dinheiro para doar aos orfanatos e hospitais. Mas definitivamente, o método do Keith gera mais polêmica, pois ele adota uma postura mais radical a la Robin Hood, como Rosa Negra. E o seu discurso segue a mesma lógica da "luta de classes", pois para ele, a nobreza era um sistema que tornava a vida dos pobres mais difícil. Os aristocratas seriam, portanto, os responsáveis pelas dificuldades das demais pessoas. Abaixo, poderão ler alguns diálogos entre ele e a Nadja sobre o assunto.

Em Paris:

Rosa Negra: Por que está em um lugar desses, senhorita? Você está feliz em uma festa tão ridícula, com um lindo vestido?
Nadja: Eu não... Eu vim contra a minha vontade.
Rosa Negra: Você não deveria vir a um lugar assim. Um lugar infectado pelo dinheiro e pela cobiça.
(...)
Nadja: Mas por quê? Por que você rouba?
Rosa Negra: Olhe aquela mulher.

~Ao longe, Simone Montherlant em desespero, abordando os seus convidados.~

Simone: Você é o Rosa Negra, não é?
Convidado um: Sim, eu sou o Rosa Negra.
Simone: É ele mesmo?
Convidado dois: É, eu sou o Rosa Negra também.
Rosa Negra: Aquela mulher tem uma imensa fortuna, jamais trabalhou e gasta todo o seu tempo inutilmente. E ela nunca pensou em doar nenhum franco sequer pelos pobres que trabalham duro, todos os dias. Todos os nobres e ricos são iguais.
Nadja: Ahm?
Rosa Negra: Todas as pessoas devem ter os mesmos direitos. Eu roubo para que as pessoas possam viver igualmente.


Em Veneza: 
Nadja: Muito obrigada por ajudar o Mário! Mas eu tenho medo que você se machuque um dia se você não parar com esse jeito perigoso!
Rosa Negra: Eu não posso salvar ninguém se eu tiver medo de se machucar.
Nadja: Mas eu acho que tem outro jeito de salvar eles. Eu conheço um nobre, ele ajuda as pessoas recolhendo contribuições e dando para orfanatos e hospitais!
Rosa Negra: Isso não passa de hobbie de gente rica. Nada mais que isso.
Nadja: Não, isso não é verdade, ele está se esforçando, não como nobre, mas como homem, para que todo mundo seja feliz.
Rosa Negra: Isso é só desculpa.
Nadja: Não, não é não, isso é Noblesse Oblige! 
~ Rosa Negra se vira para Nadja, a encara por alguns segundos e se aproxima dela.~
Rosa Negra: A fortuna dos nobres e dos ricos é o que eles tiram dos pobres. Eu apenas devolvo para os seus verdadeiros donos. É isso o que eu faço.
Nadja: Mas existe gente boa entre os nobres e os ricos.
Rosa Negra: Um homem pode esconder sua verdadeira natureza com uma máscara. O nobre que você conhece é a mesma coisa. Ele se acha melhor que os outros e ri deles por trás da máscara!
Nadja: O Francis não é assim! O Francis... O Francis tem um bom coração. E é respeitável.
Porém, quem conferiu toda a história, entende que no final, os irmãos decidem unir forças e repensar todos esses conceitos em relação às suas ações. Pois ambos os métodos apresentaram falhas. Mas os irmãos continuam acreditando que algum dia, é possível alcançar a igualdade. Mesmo que exista oposição quanto à isso (leia-se, enfrentar ricos e nobres, como alguns que aparecem durante a história).

Desprezo infinito.

Falando em pobres e ascensão social, como não falar sobre Rosemary? A garota criou uma obsessão em ser uma princesa. Mas em algum momento da história, ela percebeu que permaneceria pobre pelo resto da vida, a não ser que tomasse uma atitude drástica. Somando isso com o seu caráter duvidoso, Rosemary desempenha com maestria o papel de uma impostora, até pela sua personalidade manipuladora. Mas é interessante mesmo ver que no final da série, Rosemary faz comentários sobre todos os problemas daquele sistema que ela notou. 

Rosemary: Depois que eu saí do Campo das Maçãs para o mundo, eu entendi muitas coisas, por exemplo: Que as coisas não vem apenas se você ficar sonhando com elas o tempo todo. E que você tem que estender o braço para aquilo que você quer.
Nadja: Estender o braço, foi o que você disse?! Isso quer dizer até mesmo roubar coisas dos outros? E que não tem problema mentir e enganar as pessoas? Isso tudo... Isso tudo é muito errado!
Rosemary: Sim, na verdade eu estava enganada. Sabe, depois de experimentar a vida de nobre por algum tempo, eu percebi que ela é chata e tediosa. Eu achava que seria livre em todos os sentidos se eu me tornasse uma garota da nobreza. E que iria usar um lindo vestido todos os dias. E que eu iria à festas glamourosas e levaria uma vida só de prazer. Mas a realidade foi diferente. Os costumes, a linhagem, as tradições... Eu me sentia aprisionada por todas essas coisas. Quando eu pensei que eu teria que me associar para sempre com pessoas como  o Herman, que chegava a tremer quando ouvia que não seria o herdeiro... E o Duque, que só pensa em proteger a casa dos Premingers... Eu fiquei cheia. A nobreza é mesmo muito chata.
Nadja: Tem vários tipos de pessoas na nobreza. Alguns deles se preocupam com aqueles que tem menos que eles e se esforçam para ajudá-los.
Rosemary: Eu detesto essas pessoas!
Nadja: Você não devia falar assim, sabia?!
Rosemary: Nadja! Você e eu iremos viver numa nova era, no século vinte! E eu percebi que as princesas de agora em diante não vão ser mais garotas mimadas da nobreza! Por isso... Eu vou devolver tudo a você.
Nadja: E o que você pretende fazer?
Rosemary: Eu vou sair daqui antes que me expulsem. E assim, eu irei seguir em busca do meu próprio castelo. E eu irei encontrá-lo com todo o meu esforço!
Mesmo que Rosemary seja suspeita para falar isso (depois de tudo que fez e da situação que se encontrava no momento), percebe-se uma tentativa nessa cena, de reforçar mais uma vez o que está sendo comentado nesse texto. Além de ter entrado em um ponto que irei abordar mais adiante: O rompimento dessas tradições, que aconteceu ao longo das décadas seguintes.

E por fim, depois de experimentar todo o tipo de situação e enfim, atingir ao seu principal objetivo, Nadja declara que se manterá afastada de tudo que diz respeito aos costumes e tradições, pois os mesmos a limitaria. Mas Nadja precisará enfrentar mais um obstáculo: Seu avô.
~ Durante a festa em que Nadja é apresentada à alta sociedade ~
Duque: Que maneira de entrar é essa?
Nadja: Essa é minha maneira preferida.
(Ou seja, dane-se as "boas maneiras")
O Duque Preminger representa tudo aquilo que foi citado no início desse texto: Frio e calculista, segue à risca todas as tradições da sua família. E Nadja age de forma totalmente oposta disso. Ela representa a ideia de aceitar as mudanças que estariam por vir naquele momento, além de fazer questionamentos acerca dos valores que eram aceitos naquela época.
Nadja: Por causa do ducado, que é tão precioso e importante para o meu avô, o casamento da minha mãe não foi aprovado e ela teve que deixar essa casa e ir para longe! E eu quando bebê, acabei separada à força da minha mãe. O meu avô não entende quanta tristeza nós passamos! Como o senhor não pode entender isso?!
Duque: As tradições que vem sendo transmitidas por centenas de anos nesse ducado não devem ser mudadas por conveniências pessoais! Eu vou fazer com que essas ideias erradas sejam tiradas de você.
Com o passar do tempo, o século XX foi marcado pela mudança das estruturas sociais até então vigentes e pessoas como Nadja contribuíram para isso. Por acreditarem que a liberdade individual era mais importante que seguir um conjunto de normas sociais. Mesmo sabendo que isso, representaria, o fim ou no mínimo, o enfraquecimento desse sistema. 
Nadja: Agora já chega, meu avô! É estranho pensar que as tradições são mais importantes que a felicidade das pessoas! Sabe, enquanto eu viajava com a companhia Dandelion, eu conheci muitas pessoas maravilhosas, e eu percebi o quanto eles prezam não só a eles mesmos, mas também às pessoas ao redor, e eles vivem dando o melhor de si... E eu quero ver o mundo! Mais que me tornar uma nobre, eu quero ver mais o mundo com os meus próprios olhos! Eu quero viver tudo o que eu puder dia após dia, com um amanhã diferente do que foi hoje. Porque o amanhã está ligado ao futuro distante.
Duque: Ora, fique quieta! O que você está dizendo é um absurdo!
Nadja: Pode ser até considerado um absurdo agora... Mas eu acredito que daqui a uns cem anos, vai chegar uma era em que, todos vão poder escolher a maneira como querem viver com mais liberdade. Como eu estou tentando fazer hoje.
O restante da conversa, vocês já sabem.
Então surpreendendo a todos, Nadja decide "abrir um portal para um novo destino". 


Mesmo que a "Deusa do Destino" ou milhares de telespectadores inconformados não aprovem isso (risos).

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